Por que algumas músicas nos fazem chorar?

Olá, music lovers, tudo bem?

Quem nunca chorou ao ouvir uma música? Você está vivendo sua vida, ouvindo Spotify e, de repente, uma música desencadeia uma resposta emocional tão poderosa que você fica arrepiado, fica com o coração apertado e antes que você perceba, as lágrimas estão escorrendo pelo seu rosto.

A música é um poderoso catalisador emocional, para alguns mais do que para outros. Como algumas notas unidas ou algumas notas cantadas emocionalmente podem ressoar em nós tão profundamente que provoca arrepios ou lágrimas?

Cientistas publicaram um estudo na Scientific Reports que visava examinar aspectos desses tipos de respostas emocionais à música, como calafrios ou lágrimas viscerais – e descobriram o motivo dessas lágrimas repentinas.

 

O seu cérebro e a música

Quando você ouve uma música e sente calafrios, seu sistema nervoso parassimpático é ativado, bem como as regiões cerebrais relacionadas à recompensa. A dopamina, uma substância química do bem-estar, também é liberada, então, embora eles possam parecer um pouco estranhos, os calafrios que você está sentindo geralmente são confortantes.

Enquanto as músicas que inspiram arrepios podem soar alegres ou tristes, e podem te excitar ou te acalmar, as músicas que te fazem chorar são geralmente mais tristes e calmas, com tempos mais lentos e com acordes menores e diminutos, para evocar um efeito mais sedativo ou reflexivo.

De acordo com as descobertas publicadas no Frontiers in Human Neuroscience, um grupo de cientistas do Centro de Pesquisa Interdisciplinar de Música na Finlândia realizou testes psicológicos e ressonâncias magnéticas para entender melhor como os participantes do estudo usaram a música para manipular seus sentimentos. Eles descobriram que as pessoas tendem a escolher a música para ativar sensações como: Entretenimento, Avivamento, Sensação de Força, Trabalho Mental, Consolo, Diversão e Descarga. Foi analisado que os três últimos (Solace, Diversion e Discharge) são maneiras pelas quais as pessoas tendem a usar a música para lidar ou “regular” sentimentos negativos.

 

 

É tudo um pouco auto-explicativo, mas aqui está como ele se divide:

  • O consolo (Solace): é quando as pessoas tristes ouvem música para se sentirem compreendidas e menos sozinhas.
  • Desvio (Diversion): é quando as pessoas ouvem música para mudar o foco (do problema) ou se distrair de seu humor.
  • Descarga (Discharge): é quando as pessoas ouvem música que combina com seu humor, como quando você está frustrado no trânsito e ouve uma música de heavy metal ou punk para canalizar sua frustração ou facilitar alguma forma de liberação emocional.

 

O interessante é que os homens que optaram pelo método Discharge tendiam a se sentir mais ansiosos e neuróticos do que outras pessoas no estudo. Então, ouvir música com raiva quando eles sentiam raiva não os fazia se sentir melhor, na verdade, fazia com que eles se sentissem pior.

Além disso, os homens que optaram pelo método Discharge tinham menos atividade no córtex pré-frontal medial de seus cérebros (a parte que ajuda a acessar e organizar memórias de longo prazo), onde as mulheres que ouviram músicas que ajudaram a distraí-las dos problemas (o método Diversion) tinha córtex pré-frontal medial mais ativo.

 

A música é um bom mecanismo de enfrentamento?

Depende. A música é um mecanismo de enfrentamento e – infelizmente – nem todos os mecanismos de enfrentamento são bons. Os cientistas realizaram outro estudo, também publicado na Frontiers in Neuroscience, para entender melhor como a música triste nos afeta, investigando as diferenças entre a emoção percebida e a emoção sentida. Suas descobertas estavam mais alinhadas com o primeiro estudo – que os humanos são capazes de perceber e entender os sentimentos incorporados em uma música sem sentir todos os sentimentos, o que explica por que algumas pessoas sentem prazer ao ouvir músicas tristes (a máxima “música triste que te faz feliz”).

 

 

As notas musicais também podem nos deixar tristes

Existem características musicais universais que inspiram lágrimas? John Sloboda, professor de psicologia musical na Guildhall School of Music and Drama de Londres, foi entrevistado pela NPR alguns anos atrás sobre esse mesmo tópico. Ele atribui nossas lágrimas a um “ornamento” musical, ou notas rápidas em torno de uma nota central, chamada “appoggiatura”, da palavra italiana “inclinar-se”. A peça faz referência a um artigo do Wall Street Journal em que a cantora Adele usa e abusa dessa execução vocal em suas músicas.

 

Adele modula levemente seu tom no final de algumas notas longas, aumentando a tensão.
THE WALL STREET JOURNAL (ILUSTRAÇÃO) ASSOCIATED PRESS (FOTO); UNIVERSAL MUSIC PUBLISHING (PARTITURA)

 

Sloboda atribui a música que nos entristece a progressões de acordes inesperadas. “Geralmente a música é consonante e não dissonante, então esperamos um bom acorde. Então, quando esse acorde não é exatamente o que esperamos, dá um pouco de frisson emocional, porque é estranho e inesperado. É como um pequeno aborrecimento que se soluciona no acorde que se segue”, diz ele na entrevista à NPR.

Então, por que algumas pessoas debulham-se em lágrimas ao ouvir “Fix You”, do Coldplay, enquanto outras simplesmente acham uma música normal? Em suma, as respostas podem estar no mapeamento de nossos cérebros – tanto em como a mente e o corpo reagem quando ouvimos uma música quanto em como usamos a música como forma de experimentar e lidar com certos sentimentos. E se isso for verdade, talvez, um dia, alguns álbuns venham com uma caixa de lenços como brinde.

 

Música sempre o/

 

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