Whitney (2018)

Whitney (2018)

Kevin MacDonald

2.5/5

Whitney Houston é considerada uma das maiores cantoras de todos os tempos, e seu sucesso meteórico fez dela um ícone da cultura pop americana. No entanto, a vida pessoal conturbada da cantora acabou por ofuscar sua carreira brilhante. O documentário Whitney, dirigido por Kevin MacDonald e lançado em 2018, busca desvendar os mistérios por trás do sucesso e da tragédia de Whitney Houston.


A ascensão meteórica de Whitney

O documentário começa retratando o ápice da carreira de Whitney, apresentando seus maiores sucessos e partindo do pressuposto de que o público já conhece bem a vida da cantora. A partir daí, Kevin MacDonald se dedica a duas questões principais: a desconstrução da imagem da fama e a queda pessoal de Whitney, causada pela dependência de drogas.



 

A desconstrução da imagem da fama

A primeira parte do documentário é a mais eficiente, utilizando uma estrutura linear que remonta à infância da artista para entender como se fabrica um ícone cultural. O documentário faz uma análise abrangente das circunstâncias favoráveis ao crescimento da cultura pop e da necessidade da América negra em encontrar um ícone. O treinamento rigoroso da mãe, que também era cantora, e as performances moldadas pelo estilo dos corais de música gospel são citados como fatores determinantes na formação de Whitney Houston.

Além disso, o filme aborda a importância do patriotismo durante as guerras e a popularização das divas para compreender o nascimento de um fenômeno. É interessante observar como o documentário busca contradições nos discursos oficiais. Por exemplo, um familiar diz que Whitney nunca sofreu bullying na escola, enquanto outro relata a rejeição diária por parte de outras crianças negras devido à pele clara.

 

A queda pessoal de Whitney

Na segunda parte do documentário, a vida pessoal de Whitney toma conta da narrativa. O casamento fracassado, a morte do pai, a tentativa de suicídio da filha, o constante uso de drogas dos irmãos e empresários contribuíram para a sua ruína pessoal. No entanto, em vez de buscar apenas justificativas, o roteiro se embala numa atribuição contestável de responsabilidades pela decadência de Whitney, através de uma estrutura de causas e consequências.

O enfrentamento da fama, no início, se transforma em exploração de traumas pessoais. As drogas são abordadas com insistência, enquanto o abuso sexual sofrido na infância é trazido com uma brutalidade surpreendente. Infelizmente, o documentário se concentra menos na história de um talento excepcional e mais na narrativa de uma tragédia.

 

Menos a artista, mais a tragédia

Whitney é um documentário sofisticado que busca entender a vida de uma estrela marcada pela polêmica. O filme possui o mérito de buscar contradições nos discursos oficiais e de utilizar uma montagem de tantos depoimentos e imagens de arquivo de forma eficiente.

No final das contas, “Whitney” acaba se concentrando menos na história de um talento excepcional e mais na narrativa de uma tragédia. Apesar disso, o documentário de Kevin MacDonald ainda oferece uma análise profunda sobre como ícones culturais são construídos, como a fama pode ser destrutiva e como as pessoas ao redor de um artista podem influenciar sua vida de maneira positiva ou negativa.

 

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